domingo, 19 de fevereiro de 2012

As Cartas que Nunca Enviei - Uma entrevista com a autora

Esta semana o blog Novas Letras traz uma entrevista com a escritora paulista Vanessa Gonçalves, autora do livro "As cartas que nunca enviei", que, em suas palavras, traz as 60 melhores cartas escritas pela autora ao longo dos dez anos que escreveu em blogs e colunas virtuais. Cartas para amigos, familiares, amores, desafetos e muitas delas para ela mesma. Essas cartas contam verdades e também textos que ela imaginou escrever em nome de outras pessoas. Cartas pessoais e roubadas de histórias de que não lhe pertenciam. Ela empresta sua observação e sensibilidade para escrever sobre os relacionamentos que cultivamos ao longo da vida.

Vanessa, fale um pouco sobre você... tente fazer um breve resumo de sua biografia.
Sou formada em Secretariado Executivo pela Universidade Federal de Pernambuco e pós-graduada em Gestão de Negócios em Serviços pela Universidade Mackenzie. Escrevo desde que me entendo por gente. Primeiro em diários, cadernos, depois nos blogs virtuais. Nasci em São Paulo, mas fui criada em Recife e voltei a morar em SP há três anos, após casar com um paulista. Tenho 31 anos e trabalho como Sales Analyst na Philips Healthcare há 8 anos. Hoje escrevo apenas para mim mesma, como terapia e hobby.

Vanessa, você contou que escreve desde que se entende por gente. Que começou escrevendo diários. Alguém te incentivou a fazer isso, ou foi algo que partiu de você?
Para mim escrever é algo tão natural que eu não sei exatamente quando começou. Minha primeira lembrança é quando ganhei um diário no meu aniversário dos 10 anos e me preocupei em preenchê-lo com vários pensamentos.

A maioria dos artistas escreve para exprimir algo que está dentro deles, algo que, se não exteriorizada, os faria simplesmente explodir. Você também tem esta sensação?
Sim, com certeza. Escrever torna-se uma necessidade, uma terapia. Em cada experiência do dia, por mais simples que seja, eu sempre imagino que texto eu poderia escrever sobre aquilo.

Com que idade você escreveu sua primeira história? Como você se sente hoje ao lê-la novamente?
Eu deveria ter uns catorze anos quando escrevi meu primeiro texto completo. Quando me mudei de Recife para São Paulo eu precisei me desfazer de algumas coisas da minha infância e adolescência, inclusive dos meus diários. Lembro que passei uma tarde inteira folheando e relendo textos que eu se quer lembrava ter escrito. É uma sensação de viagem no tempo.

A maioria dos escritores, que se ocupam da chamada "arte literária", são, de fato, meio malucos, cheios de manias estranhas. Com você também é assim? Quais são suas manias?
Não, não, escrever é minha terapia. Eu sou uma mulher normal, que acorda cedo pra trabalhar e escreve quase todos os dias em alguma horinha que sobra no meio da rotina.

Como surgiu a ideia de reunir estas cartas e botá-las num livro?
Na verdade publicar um livro é o sonho de qualquer escritor, ainda que seja amador, como é o meu caso. Só que eu imaginava que nunca teria essa chance. Quando conheci o Clube dos Autores eu mal pude acreditar nessa iniciativa maravilhosa que coloca o sonho ao alcance das nossas mãos. Daí comecei a escolher os textos e percebi que os melhores eram cartas. Daí veio o título.

O livro se chama "As Cartas que nunca enviei". Por que você nunca as enviou? Que sentimento lhe impediu de fazê-lo? Tem medo desse sentimento?
Eu escrevo para mim. Não escrevo com o objetivo de me tornar lida ou de chocar as pessoas com meus pensamentos. Algumas das cartas foram enviadas, mas muitas delas eu escrevia para pessoas que eu não conheço. Personagens de filmes e livros, donos de alguma história que peguei emprestada quando ouvi, sem querer. Não cabia enviá-las, até porque algumas são genéricas. Se encaixam para várias pessoas que vivem histórias semelhantes.

O que seus familiares pensam a respeito do livro? E você? É perfeccionista? O que pensa a respeito de seu próprio livro?
Algumas pessoas da minha família sabem que eu escrevo, assim como amigos próximos. Então, quando publiquei o livro muitas pessoas ficaram surpresas e me apoiaram com mensagens de incentivo. Eu penso que meu livro existe para realizar um sonho de ter os meus pensamentos eternizados em uma obra. É um livro simples, amador, não prima pela perfeição, pelo contrário, é belo por ser normal, por falar da normalidade como quem conversa com um amigo.

Quais são suas ambições para "As Cartas que nunca enviei?"? O quão alto acha esta obra pode voar?
Eu sei bem como é a literatura brasileira nos dias de hoje e sei que me tornar conhecida produzindo um livro de forma independente é quase impossível. Eu apenas desejo que meus amigos e familiares tenham acesso a ele e se eu conseguir vender três dígitos de cópias acho que já me darei por satisfeita.

Que tipo de sentimento acha que "As Cartas que nunca enviei", provocará nas pessoas?
Sentimento de dúvida. Mas a idéia é realmente essa, deixar as pessoas pensarem o que motivou aquela carta e quem é a sua personagem principal. Poucas cartas são realmente claras, a maioria delas é subjetiva e o leitor precisa imaginar a história real que se passa por trás dela. Quero que ao final de cada texto o leitor se identifique ele de alguma forma e tenha a sensação de que recebe um conselho que sempre soube, mas que nunca usou para si.

BATE-REBATE
Pra que personalidade famosa você enviaria o livro? Jô Soares
Que cor acha que combina mais com o seu livro? Preto e Branco
Se pudesse definir seu livro num único sentimento, qual seria? Libertação
Pra que escritor, conhecido ou não, morto ou vivo, você dedicaria o seu livro? Tati Bernardi
Se seu livro fosse um animal, que bicho ele seria? Um gato.

Deixe um recado para os fans de "As Cartas que nunca enviei".
Obrigada pelo apoio e interesse em conhecer algo sobre minha obra e espero que eu não os decepcione.

Cover_front_medium

Número de páginas: 150
Edição: 1(2012)
Formato: A5 148x210
Coloração: Preto e branco
Acabamento: Brochura c/ orelha
Tipo de papel:
Offset 90g
R$ 32,30

Impresso

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